30.1.10

O poder dos sobrinhos



Alguém consegue resistir?? Eu não!!
Também podias abrandar o ritmo de crescimento Filipe! Ir ao Brasil não é como ir a Lisboa!!
Beijinhos do Huguinho e da tia Tânia! Ai se o senhor do restaurante visse que tínhamos ido apanhar essas flores, não ía gostar nada!! E, já agora, o teu pé de pitanga está bonito? Tens regado o teu jardim?

SMS




Hoje recebi uma mensagem no telemóvel. Li a mensagem e ri :)
Dizia simplesmente "Olá filha".
Qual a piada?
Claro que não foi a minha mãe que me mandou a mensagem, foi a minha sobrinha!
Acho graça vê-la crescer! Já sabe escrever! E já sabe mandar sms!
Perguntava-me outro dia quando lhe telefonei: "Ó tia, 89 menos 37 é 52, não é?"
Está tão crescida...
Tenho saudades de quando ainda eras assim pequenina de chucha e de nani! Olha a galinha que o Hugo te deu!!!E, já agora, o que estavas a fazer debaixo da mesa na festa de aniversário do Hugo?

28.1.10

de David Mourão Ferreira

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por v
ezes
num segundo se envolam tantos anos.

24.1.10

Balada da neve de Augusto Gil



Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.